Blog Ilton Muller

Claudia Kellermann une literatura e educação ambiental

Ela tem dois livros publicados e também se dedica à arte-reciclagem

Neste dia 2 de abril, é comemorado o Dia Internacional do Livro Infantil. A data foi escolhida para celebrar a literatura infantil e homenagear o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, um dos principais nomes da literatura mundial, autor de obras como A Pequena Sereia.
Em Gramado, a representante desta arte é a designer Claudia Elisete Kellermann, que tem dois livros impressos publicados: “A turma da Castanheira” e o “Velho Aventureiro”, em 2016. As obras são em parceria com a filha Raíssa Kellermann e ilustrações do Hermes de Lima. Tem outros livros artesanais e dois publicados múltiplo formato, produzidos quando estudou por um ano em Portugal. No seu trabalho de conclusão na Feevale produziu a obra “Bom Dia Com Aninha”, que a classificou em oitavo lugar no concurso nacional do livro tátil em 2019.
Sempre envolvida com artesanato, Cláudia começou como artesã, deenvolvendo atividades voluntárias e buscando aprimorar a sua arte e conhecimento. Uma bolsa do PróUni a levou a cursar Design na Feevale em 2012. “Eu tinha um professor na faculdade que me chamava de artesigner. Mas eu comecei como artesã e através de trabalhos voluntários passei a dar oficinas de arte com reciclagem. Um belo dia nasceu a “reciclaudia” acidentalmente. Eu estava digitando “ reciclarte” que é o nome que eu dou às minhas oficinas e digitei errado”, relata Claudia, que se divide entre oficinas e feiras de artesanato. 


LIVROS
Como surgiu a ideia dos dois primeiros livros? Que abordagem eles têm?

Claudia - A primeira ideia foi falar sobre meio ambiente para crianças. Então, o primeiro livro conta a história de um grupo de jovens que não tem onde brincar e descobrem um lugar especial. Tem passo a passo de brinquedos com garrafas pet. No segundo concluí a história, reforçando valores como respeito aos idosos e amizade. Tem passo a passo de papel machê e origami. Os outros livros falam de inclusão e tem linguagem em pictogramas da comunicação alternativa e braile, além da escrita em tinta.

Tem mais livros escritos? Com que temas? 
Claudia - Em 2019 eu realizei projeto na Escola Maximiliano Hahn  de Gramado onde ensinei crianças do 4º ano do fundamental a escreverem e confeccionarem um livro sobre a história da cidade, recebeu o título de RETALHOS DE GRAMADO. Foi desenvolvido todo o processo, desde a fabricação da folha de papel até a pesquisa e desenho. E cada criança foi responsável por um assunto e duas páginas no livro. Está disponível em PDF no site da Secretaria da Cultura.
Em 2020 através do Edital Arte por Toda Parte, com o apoio da Secretaria da Cultura, da Educação, da biblioteca pública e especialmente das escolas, realizei o mesmo projeto em mais quatro escolas. Mas devido à pandemia, tive que adaptar para fazer à distância, gravava vídeos ensinando a trabalhar o papel e depois enviava kits com papel reciclado e papel-machê para modelar, para as escolas e lá eram entregues aos pais. A biblioteca pública me permitiu trazer os livros de história de Gramado para casa e eu fazia a pesquisa dos temas e enviava por whatsapp dos pais para as  crianças. Como resultado realizamos cinco livros com desenhos táteis: Escola Nossa Senhora de Fátima; livros Gramado Rural I e Gramado Rural II; Escola Padre Anchieta; Belezas de Gramado; 
Escola Pedro Zucolotto: Produtos de Gramado; Escola Vicente Casagrande; Histórias da Imigração. 
Os PDF dos livros estão disponíveis gratuito no blog:  reciclaudia.blogspot.com.

ARTE COM CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
Como a arte entrou na tua vida? A cultura da reciclagem começou junto?

Claudia - A primeira a entrar na minha vida foi a consciência ambiental Eu ainda era adolescente, no final dos anos 80, quando minha irmã me levou para a Agapan, em São Leopoldo, que depois virou UPAN -  União Protetora do Ambiente Natural. Alguns anos mais tarde, quando comecei a fazer artesanato trabalhava com sobras de tecido. No início dos anos 2000 eu participei das primeiras edições do Fórum Social Mundial.  Foi lá, em meio a debates sobre soluções para a fome e miséria, aquecimento global, destino de lixo, geração de renda, etc, que tive a ideia de aprender a trabalhar com outros materiais recicláveis para gerar renda através do reaproveitamento de recicláveis. São dois grandes problemas sociais mundiais: geração de renda e lixo.

Que tipos de trabalho tu começou fazendo? Foi profissionalmente e voluntariamente?
Claudia - Comecei buscando técnicas de arte com papel e plástico para complementar o que já fazia com tecido. Então entrei para o grupo Parceiros Voluntários e passei a dar oficinas na sala do grupo e em instituições como o Instituto Santíssima Trindade e APAE de Gramado. Na APAE dei oficinas por três anos. A primeira oportunidade de dar oficinas profissionalmente foi através da Chocofest, que me convidou para ser o “Coelho Reciclador” e ensinar as crianças a fazerem objetos com garrafas pet, na rua Coberta. Depois o Hotel Serrano me convidou para trabalhar em datas especiais no Espaço Kids. Daí passei a trabalhar em outros eventos, como feiras do livro.  Continuei sendo voluntária na Faculdade no projeto de Extensão Design Social e no Projeto Biblioteca Lúdica. Então tive a vontade de realizar um sonho antigo de ser escritora. Velho sonho mesmo, com 12 anos eu matava aula e me escondia na biblioteca do Sesi em São Leopoldo. 

Que técnicas artísticas tu executa?
Claudia - Trabalho na transformação de materiais como garrafas pet, papel e tecido. Na faculdade adquiri outros conhecimentos como design gráfico, desenho técnico, modelagem, design de produto, etc, mesmo assim sempre procurei focar os projetos acadêmicos na sustentabilidade. 

EXPERIÊNCIA EM PORTUGAL
A tua arte te levou até Portugal. Como foi isso?
Claudia - Com certeza a minha história com o trabalho voluntário, o trabalho com pessoas com deficiências e os dois livros que eu já tinha publicado, foram a porta de entrada para uma bolsa de estudos de graduação através do CAPES - Programa Abdias Nascimento, em Portugal. O nome do projeto era SENSeBOOK, da dra. Regina Heidriech e em uma parceria entre Feevale e IPLeiria. Em Portugal fui aprender com a dra. Célia Sousa, coordenadora do CRID - Centro de Recursos para Inclusão Digital, em Leiria. O objetivo era aprender técnicas de criação de literatura inclusiva. Durante um ano pesquisei no CRID e cursei disciplinas de diversos cursos.

Que formação tu buscou lá?
Claudia - No primeiro semestre estudei basicamente educação inclusiva: Necessidades Educativas Especiais, Inclusão Social da Pessoa com Deficiência e Comunicação Aumentativa, esta última do Mestrado de comunicação Acessível. Aprendi a adaptar obras para múltiplos formatos e participei da criação e montagens de alguns livros. No segundo semestre cursei: Introdução a Programação de Jogos Digitais, Modelação 3D e Desenvolvimento Web. 

Que atividades tu desenvolveu lá? 
Claudia - No CRID, além de auxiliar no atendimento às pessoas com deficiência e com idosos, realizei duas pesquisas, uma sobre o uso de pictogramas da comunicação aumentativa na literatura e outra na criação de um boneco braile (feito de reciclagem) para auxiliar crianças na aprendizagem do braile. 

Tu te inseriu na vida daquela comunidade, junto com a família? 
Claudia - Meu marido e filho foram juntos nesta aventura. Meu filho frequentou a escola em turno integral, que tem uma excelente qualidade, tinha até introdução a programação e aulas de xadrez no 4º ano do fundamental.  Num dos livros que fiz lá (“Todos Somos Iguais na Diferença”), eu usei o prédio da Escola Amarela, onde meu filho estudava, como inspiração para as ilustrações. Então doei o livro para a escola e dei oficinas de arte com reciclagem para os alunos, como agradecimento. Também fui convidada por um grupo de artistas locais a expor e dar oficinas na praça da cidade. Eu me sentia muito feliz com a oportunidade de aprender tanto com aquela cultura que tive grande prazer em retribuir. 

EXPANDIR O PROJETO
Que atividades tu está fazendo no momento?

Claudia - Este ano a pandemia me pegou em cheio, ainda não tenho trabalho. Venho cursando uma especialização em artes a distância pela UFPEL e trabalhando no desenvolvimento de outros projetos futuros. Os livros estão no meu passado, presente e futuro. 

Teus projetos são na arte, na reciclagem ou literatura? 
Claudia - Tudo junto: arte com reciclagem e literatura. Quero adaptar obras para multiformato para incentivar a literatura inclusiva. 

Para que público tem direcionado teu trabalho?
Claudia - Tenho trabalhado com crianças desde sempre, gosto muito de regar estas “plantinhas” com arte, amor à natureza e à literatura.  Gostaria de levar este projeto para outras cidades porque eu vejo muito futuro nele. Trabalhamos várias formações:  o incentivo à leitura, a inclusão, a reciclagem, a iniciação à pesquisa, desenho, artesanato, o conhecimento da história da sua cidade, a arte! 

Tens conseguido adaptar o trabalho à pandemia?
Claudia - Ano passado eu consegui tocar o projeto muito bem à distância. O resultado foi excelente. Mas o fato é que eu já tinha dado início em sala de aula, quando parou tudo. Só é possível realizar um trabalho deste porte com o apoio das instituições e principalmente engajamento dos pais. Mas a tecnologia está aí para nos ajudar, vamos usar o que temos no momento e torcer para que em breve possamos estar trabalhando junto com as crianças de forma presencial novamente. 


Para conhecer o trabalho:
Claudia Kellermann (Reciclaudia) 
(54) 99649-0867
reciclaudia@gmail.com
reciclaudia.blogspot.com

Tags:Dia do Livro Infantil

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