Publicado em: sexta, 03 de setembro de 2021 às 08:44
Estudo da UFRGS aponta viabilidade de transporte ultrarrápido que passaria por Gramado
Chamado de hyperloop, é um sistema de transporte por cápsulas para passageiros ou cargas que ligaria Porto Alegre e Caxias do Sul
O estudo de viabilidade do hyperloop no Estado foi lançado na manhã desta quinta-feira (2). O projeto pioneiro na América Latina pretende ser uma alternativa de modal de transporte disruptivo no Rio Grande do Sul. A avaliação foi realizada por meio de acordo do Governo do RS com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com a Hyperloop Transportation Technologies (Hyperloop TT).
O Hyperloop é um transporte ultrarrápido e sustentável, composto por cápsulas para passageiros e cargas que se movimentam sem atrito em um ambiente de alta pressão O estudo no RS avalia a possibilidade da instalação de uma rota do modal, que iria de Porto Alegre a Caxias do Sul, com paradas nas cidades de Novo Hamburgo e Gramado.
11 minutos entre Gramado e Porto Alegre
Gramado foi incluído no projeto pela demanda turística regional e o fato da cidade ser o segundo destino turístico do país. O estudo apontou que o trajeto de 88,7 km entre Porto Alegre e Gramado seria feito em 11 minutos e 20 segundos (835 km/h). Entre os complicadores para a implementação do projeto na região estão o tipo de solo da região (bastante rochoso) e a altitude (mais de 830 metros acima do nível do mar).
A estação de Gramado, de acordo com o estudo, seria subterrânea e localização próxima ao centro da cidade. “Esta localização torna o Hyperloop altamente acessível, dando acesso a uma área bastante densa e eliminando a necessidade de meios de transporte complementares”, diz o estudo. No trecho de Gramado a previsão é de que o Hyperloop percorra um túnel de cinco quilômetros. Um outro túnel de 10 quilômetros de extensão está previsto entre Gramado e Caxias do Sul.
A previsão é de que o valor da passagem sejam os seguintes: Porto Alegre-Caxias do Sul: R$ 115,00; Porto Alegre-Gramado: R$ 105,00; Porto Alegre-Novo Hamburgo: R$ 30,00; e Gramado-Caxias do Sul: R$ 99,00.
Com recursos privados
De acordo com a HyperloopTT, uma das vantagens do sistema é ser viável comercialmente, não dependendo de recursos públicos para se manter. Além disso, é uma maneira sustentável do ponto de vista ambiental.
Um dos coordenadores do projeto pelo Laboratório de Sistemas de Transportes da UFRGS, Luiz Afonso Senna, destaca que a análise foi feita em vários aspectos e com uma equipe de profissionais das áreas de Engenharia, Economia, Social, dentre outras. Ele ressaltou que um dos objetivos é a redução de impactos ambientais e sociais, evitando áreas indígenas, quilombolas e com restrições ambientais. "O projeto da HyperloopTT rompe conceitos tradicionais e traz inovações tanto em termos de infraestrutura quanto em termos de operação de um sistema de transporte”, acrescenta a docente Christine Nodari.
Aspectos econômicos
Um aspecto priorizado pelo estudo foi a viabilidade econômica do projeto. De acordo com as características geográficas da região, constatou-se que o custo total para a implementação do Hhyperloop, junto com os custos de operação e os impostos pelos próximos 30 anos, será de US$ 7,71 bilhões. O valor investido é compensado já nos primeiros cinco anos de funcionamento, principalmente com receita proveniente dos passageiros (52%) e empreendimentos (35%), além de aluguel de lojas nas estações (2%), publicidade (2%) e transporte de carga (1%). Como o projeto não exige subsídios governamentais, a empresa interessada em realizá-lo terá um payback completo e passará a lucrar em 14 anos.
Já dentre os principais benefícios para a economia local estão a criação de 50 mil empregos diretos no setor de Construção durante o período de obras, 9.243 empregos diretos e indiretos e 2.077 empregos no setor de Energia Solar anualmente durante 30 anos, crescimento do PIB e o aumento da receita tributária. Dessa forma, os ganhos serão cerca de 31% superiores aos custos envolvidos no projeto, aponta o estudo feito pela UFRGS.
Desenvolvimento local e foco na sustentabilidade
No período de análise de 30 anos, a projeção é que o transporte em cápsula, que se movimenta sem atrito em um ambiente de alta pressão, evite 67 acidentes com mortes, 1.203 acidentes com feridos e 651 acidentes com danos apenas materiais. No total, são quase 2 mil acidentes a menos no estado, em apenas três décadas. Além da mobilidade urbana, outro setor que promete ser beneficiado na região é o imobiliário. Com cerca de seis anos de implementação do hyperloop, deve ocorrer uma valorização de R$ 27,4 bilhões dos terrenos e propriedades no entorno das estações.